"*RÁDIO SOTELO*"

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


Primeira Parte: Preparação do Cenário
Lição 1: Introdução 1

I. Ambiente histórico e geográfico do livro
A. É importante fazer uma distinção entre o tempo em que Jó viveu e o tempo quando o livro de Jó foi escrito.
B. Jó aparentemente viveu durante o tempo dos patriarcas, possivelmente perto do tempo de Abraão. Podemos concluir este fato pelas seguintes informações:
1. Não há no livro referências claras à lei de Moisés ou suas instituições. Isto seria incomum se Jó vivesse virtualmente em qualquer tempo depois de Moisés.
2. Jó oferece sacrifícios em favor de sua família, uma prática característica dos dias patriarcais, quando não havia sacerdócio estabelecido comparável com aquele sob a lei mosaica.
3. A provável duração da vida de Jó se ajusta bem ao tempo de vida comum dos patriarcas.
4. Parte da linguagem (mesmo o uso de certas palavras) sugere um ambiente nos dias patriarcais.
5. Dever-se-á notar que a força de alguns argumentos depende em parte da localização da terra de Uz.
C. A localização da "terra de Uz" é incerta. Há duas possibilidades principais:
1. Uz era a descrição de uma área entre Damasco e o rio Eufrates e na orla do deserto Arábico.
2. Uz era localizada na fronteira de Edom, no deserto Arábico. Esta possibilidade coloca Jó mais perto das localizações comumente aceitas para os lugares de origem dos três amigos.
II. Autoria do livro de Jó
A. Como se observou acima, é quase certo que o livro de Jó não foi composto no mesmo tempo em que a personagem histórica viveu.
B. O autor não se identifica e temos pouca evidência sobre a qual basear mesmo uma boa suposição.
1. Sugestões de escritores especialistas incluem Moisés, Salomão, Isaías, Jeremias, Baruque e o próprio Jó.
2. Há quem tenha sugerido que o autor viveu nos dias depois do exílio.
C. Naturalmente, mesmo que não saibamos explicitamente quem escreveu o livro de Jó, a consideração importante é que ele foi inspirado. Se aceitarmos o livro como inspirado, então ele faz parte da palavra de Deus e a pessoa específica que compôs o livro não é importante.
III. Exame do livro
A. O livro de Jó pode ser dividido em três partes principais.
1. O livro pode ser convenientemente dividido em:
a. Prólogo (capítulos 1 - 2)
b. Diálogo (capítulos 3 - 42:6)
c. Epílogo (42:7 ao fim)
2. Se o livro for dividido em cinco partes, elas poderão ser como segue:
a. Jó é provado (capítulos 1 - 2)
b. A controvérsia de Jó com seus amigos (capítulos 3 - 31)
c. A apresentação de Eliú (capítulos 32 - 37)
d. O Senhor fala a Jó (capítulos 38 - 41)
e. Jó é abençoado (capítulo 42)
B. Entre o prólogo e o epílogo, há basicamente três ciclos de discursos ou debates, como às vezes são chamados. Cada um dos três amigos de Jó fala e Jó lhes responde sucessivamente.
1. Zofar é o único que não fala uma terceira vez.
2. Na conclusão dos discursos por seus amigos, Jó apresenta um monólogo reafirmando sua inocência.
3. Em seguida ao monólogo de Jó, o jovem Eliú fala e oferece uma explicação ligeiramente diferente para o sofrimento de Jó.
4. Finalmente, interpelando Jó, Deus fala, demonstrando sua majestade.
C. A maioria dos estudiosos da Bíblia estão cientes de que o livro de Jó se relaciona com o problema do sofrimento e particularmente com o sofrimento humano inocente. Jó não entende porque está sofrendo e assim está posto o cenário para uma discussão do problema do sofrimento humano em geral.
1. Os três amigos de Jó partilhavam uma idéia comum, mas errônea, quanto à razão do sofrimento do homem, e de Jó em particular.
2. O raciocínio deles é resumido claramente assim:
a. O sofrimento é o resultado direto dos pecados pessoais e está em proporção com a magnitude dos pecados.
b. Jó, naturalmente, está sofrendo muito.
c. Portanto, Jó deve ter pecado gravemente.
3. O problema com o raciocínio dos amigos é que a sua premissa maior (o sofrimento é o resultado direto dos pecados pessoais) nem sempre é verdadeira. Há outras causas de sofrimento.
D. Personagens do livro:
1. Deus (prólogo e epílogo)
2. Satanás (prólogo)
3. Jó e sua família
4. Os três amigos de Jó: Elifaz, Bildade e Zofar
5. Eliú
E. Às vezes é sugerido que o livro de Jó é meramente um poema elaborado sem ter nenhuma base histórica. O escritor simplesmente inventou estas personagens com o propósito de ensinar Israel sobre o sofrimento (talvez no exílio?). Não obstante, outras referências bíblicas a Jó apontam-no em companhia de personagens históricas reais e aceitas.
IV. Informação sobre poesia hebraica
A. Não é surpreendente que uma grande parte do livro de Jó esteja na forma de poesia hebraica. A poesia tem sido descrita como a linguagem do coração e o livro evidencia uma personagem que está em grande angústia, tanto pelo sofrimento real como pela ignorância da razão do seu sofrimento. É portanto imperativo que o leitor tenha algum conhecimento da poesia hebraica.
B. Diferente do verso moderno que é reconhecido como poesia por causa de rima ou de metro, a poesia hebraica não depende de nenhum deles. Em vez disso, a poesia hebraica emprega um artifício conhecido como paralelismo. Há três tipos comuns de paralelismo:
1. Sinônimo - a segunda linha do dístico (grupo de dois versos) repete o pensamento da primeira linha (por exemplo, 4:7; este é o tipo mais comum de paralelismo no livro de Jó).
2. Antitético - a segunda linha do dístico forma um contraste com a primeira linha (por exemplo, 16:20).
3. Sintético - a segunda linha completa ou aumenta o pensamento da primeira (por exemplo, 4:9, 19:21).

V. Propósito do livro
A. Naturalmente, o livro inteiro trata do problema da dor e do sofrimento. Jó volta-se particularmente para o problema do sofrimento inocente.
B. Ao mesmo tempo, parece que este problema é ocasião para uma lição sobre viver pela fé. O livro é uma afirmação da glória e perfeição do Senhor, aquele que é digno de ser adorado e louvado. Observe que a acusação de Satanás concernente ao "serviço egoísta" de Jó é, na realidade, uma acusação contra o próprio Deus. Satanás está afirmando que não há outra razão para um homem servir a Deus se não pelas bênçãos físicas e assim Deus precisa subornar o homem com bênçãos materiais para receber adoração dele. A fidelidade de Jó no meio da tribulação prova ser a defesa do Senhor.
C. Há um bom número de outras doutrinas bíblicas que recebem atenção no livro e às quais daremos atenção nas lições que tratam do texto.

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