"*RÁDIO SOTELO*"

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

No Jardim do Sepulcro:  O Fim se Transforma no Começo
Os primeiros discípulos não tinham problemas quanto à humanidade de Jesus.  O que lutei inúmeras vezes para aceitar eles entenderam prontamente.  Tiveram a oportunidade de conhecê-lo da mesma forma que você e eu conhecemos qualquer pessoa.  Andaram com ele, tocaram-no, viram-no com fome, cansado e entristecido S tinham à disposição a imagem dele, que podiam ver, e a pessoa dele, que podiam perceber por meio de todos os sentidos (1 João 1:1).  Ele era para eles tão real quanto qualquer outra pessoa.  E foi exatamente isso que, mais tarde, serviu de base para a descrença e o derrotismo por que passaram quando reunidos na sala superior, após a morte do Senhor.  A morte de alguém marca o fim de seus sonhos, de sua liderança, de seu poder.  Eles lutavam não com a natureza humana de Jesus, mas com a divindade dele.

De fato Pedro professou de modo magnífico que Jesus era Deus, quando disse que "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", mas obviamente os discípulos não captaram a importância nem a amplitude dessa declaração (Mateus 16:13-23).  A julgar pelo modo por que correspondiam ao Senhor, creio ser justo afirmar que viam Jesus como alguém de carne e osso, um homem de Deus, um operador de milagres (como alguns dos profetas), um companheiro adorável, um mestre ilustre, um líder e guia irrepreensível; mas ele também era o homem que sofreria o destino de todos os homens.  Quando Jesus foi crucificado, o choque foi desmoralizante para os discípulos:  "Ah, Senhor!  Por que agora?  Estávamos aprendendo tanto!  A mensagem era de primeira!  Estávamos dispostos a morrer pela causa!" O desespero deles era o de súditos leais que tinham perdido o seu rei.

Era como se Jesus jamais tivesse mencionado a sua ressurreição; eles simplesmente não tinham dado ouvidos.  Quando Jesus disse abertamente aos discípulos que iria para Jerusalém, para sofrer muito nas mãos das autoridades religiosas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia, parece que eles ouviram tudo menos a parte mais importante.  Que sabiam eles acerca do poder da ressurreição ou sobre a vitória após a morte?  Logo eles se veriam olhando a tumba vazia, lembrando-se do que ele tinha dito . . . Seria como uma imagem pouco nítida sendo instantaneamente ajustada para mostrar toda a sua esplendorosa beleza, do mesmo modo que se encaixa com cuidado a última peça de um quebra-cabeça.  Mesmo agora, lendo o relato, sinto a emoção que eles devem ter sentido.  Foi na verdade a ressurreição que deu aos discípulos um entendimento mais abrangente de tudo o que Jesus tinha feito e ensinado.  Eles ficaram extremamente emocionados!  Não se tratava simplesmente de um homem qualquer; eles haviam andado com o Rei dos reis,  Filho de Deus!  Paulo mais tarde escreveria que Jesus foi "designado Filho de Deus com poder . . . pela ressurreição dos mortos" (Romanos 1:4).

Mas, mesmo diante do sepulcro vazio, o ceticismo dos discípulos não era muito diferente do ceticismo do inimigo.  Não se deixavam persuadir facilmente. Jesus havia morrido; disso tinham certeza.  Quando Maria Madalena disse aos discípulos que tinham visto Jesus e que ele estava vivo, eles "não acreditaram".  Lucas conta que para os discípulos o relato das mulheres parecia "delírio".  Quando os dois discípulos a caminho de Emaús contaram aos irmãos sobre o seu encontro com Jesus, estes não acreditaram; e quando o próprio Jesus se encontrou com os onze, ele "censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado" (Marcos 16:11; Lucas 24:11; Marcos 16:13-14).  A incredulidade dos discípulos é de um significado apologético tremendo.  O fato deles não esperarem nem crerem que Jesus ressuscitaria e, antes, ficarem desesperados diante de sua morte é o que confere grande peso ao último testemunho deles sobre o fato da sua ressurreição.

E o inimigo põe mais lenha na fogueira apologética.  Os inimigos, desejando tanto precaver-se para que ninguém roubasse o corpo, sem querer arquitetaram uma situação que acabou dando conta de provar a absoluta veracidade do ocorrido.  Sempre acreditei que a mais convincente prova da ressurreição do Senhor fosse o silêncio dos inimigos.  Tudo o que tinham a fazer era apresentar o corpo, e a tola heresia teria sido terminada de uma vez por todas.  Tendo-se preparado estrategicamente, eles estavam conscientes das conseqüências.  Foram a Pilatos e disseram:  "Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse:  Depois de três dias ressuscitarei.  Ordena pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos o roubem e depois digam ao povo:  Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro" (Mateus 27:63-64).  Pilatos disse-lhes que fossem e deixassem o sepulcro o mais seguro possível.

Em meio de tanto medo e incerteza, pense na prova que foi necessária para fazer Tomé, o incrédulo, ajoelhar-se clamando:  "Senhor meu e Deus meu!" S nada menos que tocar no corpo ressuscitado que ele sabia ser do Senhor.  O que tinha por objetivo ser o fim de um homem mostrou ser ele o Filho de Deus: o túmulo continua lá, mas vazio S não por manobra humana, nem por alucinação, mas pelo poder de Deus.  E a história que ardia no coração dos homens há séculos continua no coração dos homens hoje S e sem dúvida os principais sacerdotes e os fariseus tinham razão de predizer que um sepulcro vazio não seria o fim, mas o começo.

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